“Desde o visionário designer Antoni Gaudí não se combinava tão bem arquitetura, escultura e engenharia para criar trabalhos que parecem nascer da natureza”. Essa é a avaliação da Revista Time sobre o arquiteto, escultor e engenheiro Santiago Calatrava.
Nascido em 1951, com escritórios na Europa e em Nova Iorque e projetos em todo o mundo, suas obras fantásticas tornaram o arquiteto espanhol um dos principais nomes da arquitetura moderna mundial, com projetos suntuosos, amados ou odiados, mas que jamais passam indiferentes.
Trajetória
Calatrava ficou conhecido mundialmente pelas pontes esculturais projetadas ao redor do mundo, como a ponte de Alamillo, em Sevilha; a passarela Zubizuri, em Bilbao; a passarela de Puerto Madero, na Argentina; a passarela na Turtle Bay na Califórnia, entre inúmeras outras obras do tipo que mais se assemelham a verdadeiras obras de arte!
No entanto, foi a partir de 1990 que sua assinatura virou marca, com construções monumentais e ousadas de centros culturais, estações de trem, torres de luxos e museus.
A trajetória de Calatrava é composta por projetos poderosos, sempre com acabamento alvo. A inspiração do arquiteto – que também coleciona maquetes, aquarelas e esculturas de mármore e outros materiais que já foram expostos nos principais museus do mundo – vem da observação das estruturas existentes na natureza, como exoesqueletos, asas, pássaros e formações botânicas.
Polêmico e dono de um estilo inconfundível, dizem algumas más línguas que “Calatrava coleciona tanto prêmios quanto processos”. De fato, o arquiteto é alvo de constantes críticas sobre estouros de orçamentos, atrasos de cronogramas e até mesmo falhas na escolha de materiais em função da estética.
Em sua defesa, Calatrava diz que seu objetivo “é sempre criar algo excepcional, que valorize as cidades e enriqueça a vida das pessoas que moram e trabalham nelas”. Controvérsias à parte, um fato é unanimidade tanto para críticos quanto para fãs: as obras, modernidade e arte de Calatrava já o consagraram como um dos principais nomes da arquitetura mundial.
Confira algumas das principais obras de Santiago Pevsner Calatrava Valls.
Puente de la Mujer
Localizada no bairro de Porto Madero, sobre o Rio da Prata, em Buenos Aires, na Argentina, a Puente de la Mujer, construída entre 1998 e 2001, foi a primeira construção de Calatrava na América Latina.
A estrutura da obra foi produzida na Espanha e levada em partes para Buenos Aires, já que foi elaborada com um tipo de aço que não existe na cidade portenha.
O design da ponte foi pensado para representar um casal dançando tango. Dos 170 metros de extensão da obra, 102 deles são girados para permitir a passagem de barcos pelo rio. Hoje, a Puente de la Mujer é um dos principais cartões-postais da capital.
World Trade Center Transportation Hub
Com 74,3 mil m², o World Trade Center Transportation Hub é o nome oficial da estação PATH e do complexo de transporte público e compras correspondente no Financial District em Manhattan, área que ficou completamente destruída após os ataques de 11 de setembro.
A obra possui um salão imenso, situado parcialmente embaixo do Memorial do 11 de setembro, e é revestido por uma quantidade impressionante de mármore branco italiano no saguão principal e nos longos corredores que levam às plataformas de trem e aos edifícios do complexo.
O salão está também conectado ao Oculus, a impressionante parte externa da estação. De acordo com o arquiteto, a estrutura do local representa a imagem de um pássaro liberto pelas mãos de uma criança.
Cidade das Artes e Ciências
Localizado em Valência, cidade natal de Calatrava, trata-se de um grande e ambicioso complexo com oito obras ousadas e marcadas pelo estilo inconfundível do arquiteto. São elas:
– Planetário, idealizado para que lembrasse um olho humano, inclusive com pálpebras;
– L’Hemisfèric, um complexo com cinema e planetário, entre outras estruturas;
– Museu de Ciências Príncipe Felipe, que tem nada menos do que 40 mil metros quadrados;
– L’Oceanogràfic, o maior aquário marinho da Europa;
– Palácio das Artes Rainha Sofia, que recebe apresentações de ópera;
– L’Umbracle, uma grande trilha com esculturas;
– Praça Principal;
– Ponte de I’Assut de l’Or;
– Três torres de arranha-céus.
Museu do Amanhã
O mais novo cartão-postal do Rio de Janeiro, localizado no Pier Mauá, o Museu do Amanhã é parte de uma revitalização maior, a do Porto Maravilha, na zona portuária da cidade.
O prédio apresenta grandes balanços de 75 metros de comprimento no lado voltado para a praça e 45 metros de comprimento no lado voltado para o mar. A exposição permanente está alojada no pavimento superior, que possui um grande pé-direito de 10 metros de altura, com direito à vista panorâmica da Baía de Guanabara.
Um espelho d’água foi projetado em torno do lado externo do edifício, dando aos visitantes a impressão de que o Museu é flutuante. “A ideia é de que o edifício se sinta etéreo, quase flutuando sobre o mar, como um navio, um pássaro ou uma planta”, diz Calatrava sobre a construção.