Exemplos de ícones na arquitetura mundial não faltam, mas um nome, em especial, é referência principalmente para todas as arquitetas que buscam espaço e destaque no mercado: Zaha Hadid.
Naturalizada britânica, Zaha Hadid cresceu em Bagdá, no Iraque, em 1950, e é hoje um dos nomes mais reconhecidos e aclamados mundialmente por sua arquitetura desconstrutiva, marcada pelas obras curvas e pela diferenciação de formas, sempre com inspiração na natureza.
Em 2016, se tornou a primeira mulher a receber a Medalha de Ouro do British Architects Gold Medal, principal honraria concedida aos arquitetos do Reino Unido. Muito antes, em 2004, a arquiteta já tinha feito história, ao se tornar a primeira mulher a receber sozinha o Pritzker, maior prêmio do setor, considerado o ‘Nobel da arquitetura’.
Trajetória de Zaha Hadid
Ainda em Bagdá, a primeira formação de Zaha Hadid foi em Matemática. Bastante jovem, com 22 anos, após terminar a faculdade, Zaha decidiu se mudar para Londres e estudar na Architectural Association School of Architecture.
Durante o curso, seu visível talento a destacou entre os colegas de turma, sendo convidada então pelo renomado arquiteto e seu professor, à época, Rem Koolhaas, a associar-se ao seu escritório, o OMA.
Zaha trabalharia alguns anos como arquiteta do grupo até fundar o seu próprio escritório, na década de 1980. O começo para Zaha não foi fácil, já que mesmo vencendo diversos concursos, suas obras eram consideradas vanguardistas demais e até mesmo inviáveis financeira e tecnologicamente.
O grande salto na carreira veio na década de 1990, quando algumas obras vencedoras de concursos saíram finalmente do papel e ganharam forma, como o LF One, a Vitra Fire Station e o Centro Rosenthal de Arte Contemporânea, só para citar algumas obras.
Desde então seus projetos, sempre marcados pela arquitetura desconstrutiva, com ângulos inesperados e constituições geométricas que transformavam suas obras em verdadeiras esculturas, fizeram de Zaha um dos nomes mais reconhecidos mundialmente na área.
As curvas e formas de Zaha Hadid encontram eco, aliás, em outro grande nome muito conhecido por nós: em entrevistas, Zaha sempre elegeu Oscar Niemeyer como seu arquiteto favorito. “Ele era um virtuoso do espaço. Tinha um talento inato para a sensualidade, por isso construiu uma arquitetura moderna crítica à modernidade. Muitos arquitetos experimentaram com as formas, mas ele foi o mais ambicioso: construiu com concreto formas aparentemente líquidas”, chegou a declarar.
A arquiteta faleceu em 2016, aos 65 anos, mas seu legado sempre será lembrado com destaque e reconhecimento no mundo arquitetônico. Conheça algumas de suas obras que são destaque na arquitetura moderna.
Musei Maxxi, em Roma
Reconhecidamente marcada pela arquitetura clássica, a cidade italiana de Roma ganhou, em 2009, seu primeiro museu de arte contemporânea, o Maxxi (Museo Naionale delle arti del XXI Secolo).
Com 29 mil metros quadrados, o museu, que demorou mais de um século para ser construído, é por si só uma obra de arte: a mistura de concreto, ferro e vidro, predominantes na estrutura, une o contemporâneo à paisagem do centro histórico de Roma.
Glasgow Riverside Museum of Trabsporte, Glassow, Escócia
Como um rio sólido, o telhado do Glasgow Riverside Museum of Trabsporte é em formato curvilíneo, com linhas retas e pontudas nas fachadas.
Internamente, as curvas de sua estrutura permitem ao visitante interagir de maneira fluída com as cercas de três mil peças ligadas à história do transporte e tecnologia.
Inaugurado em 2011, a obra custou 74 milhões de libras.
Heydar Aliyev Center, Azerbaijão
Explorando o uso intenso do branco, curvas e vidro e com um design fluído, o Centro Cultural Heydar Aliyev Center, localizado no Azerbaijão, quebra a arquitetura rígida da região, remanescente da União Soviética.
O formato curvilíneo e as ondulações da obra, tão característicos dos projetos de Zaha, deixam o ambiente convidativo, totalmente integrado à praça na qual está situado.
Design e moda
A criatividade e ousadia de Zaha Hadid fez com que sua atuação ultrapassasse o âmbito da arquitetura: ela também estabeleceu parcerias de cocriação de produtos com marcas gigantes, como Adidas, Lacoste, Louis Vuitton e a brasileira Melissa.
Zaha também teve sucesso no design de interiores. Um exemplo foi a sua colaboração com a marca Citco, para a qual criou a coleção de mesas Mercuric, feitas em mármore. A ideia da coleção foi desmistificar a ideia de que o mármore pode ser trabalhado apenas em formas rígidas, com a concepção de mesas curvilíneas e fluídas, que se assemelham a verdadeiras esculturas.